Soluções digitais devem mudar o mercado de trabalho. Saiba quais são os requisitos.
Atento ao mercado
Quem deseja se preparar para as novas exigências do mercado precisa ficar de olho nas tendências. Veja a história de Thiego Fontes, gestor de tecnologia da informação (TI) da Fiat, em Pernambuco. Formado em engenharia da comunicação, já trabalhou em instituições de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz. Quando percebeu que suas áreas de interesse – inteligência artificial e análise de dados – eram úteis para os sistemas produtivos, começou a trabalhar com TI em linhas de produção de uma indústria de bebidas.
Para juntar os conhecimentos de computação com a parte industrial, decidiu fazer um mestrado em engenharia de produção. “Quando entrei na empresa, eu era analista de TI. Só que, conforme eu fiz meu mestrado, percebi que precisava de mais do que isso para trabalhar. Diariamente, na fábrica, eu via os mesmos problemas que aprendia na sala de aula do mestrado. Tive, então, a oportunidade de colocar a teoria em prática.”
Embora tenha atingido um grau de destaque na carreira, Fontes já planeja novos aprendizados para aumentar suas habilidades. “Uma tendência em que eu tenho muito interesse é a Indústria 4.0. Há muitas oportunidades e as empresas têm investido na área. Penso em fazer um mestrado em engenharia de sistemas, um MBA em gerenciamento de projetos ou algo relacionado à gestão de pessoas. Existem várias possibilidades, e sei que preciso definir minhas próximas metas para crescer profissionalmente.”
Conhecimento técnico
Com a entrada de novas soluções no setor produtivo, como sistemas analíticos em nuvem e gêmeos digitais na linha de produção, surge um conjunto de habilidades necessárias para lidar com a realidade industrial. “Tecnologias como internet das coisas, robótica, computação em nuvem e big data criam um cenário em que profissionais como cientistas de dados e programadores serão cada vez mais valorizados”, explica Marcelo Prim, gerente executivo de inovação e tecnologia do Senai.
Mas a formação não será o único diferencial. “Conforme um estudo do Fórum Econômico Mundial, 65% das profissões do futuro ainda nem foram inventadas. Então, não temos que nos preocupar em saber quais serão as graduações mais importantes, mas sim com quais habilidades serão exigidas”, diz Prim.
Análise de dados, programação, conhecimentos em robótica, desenvolvimento de aplicativos e integração de sistemas são algumas das habilidades importantes. Para Prim, essas aptidões são mais comuns em carreiras ligadas à tecnologia da informação e comunicação, mas até mesmo um profissional da área precisa buscar conhecimento.
Perfil analítico e multidisciplinar
A quantidade de dados sobre a produção da empresa aumentará com as novas tecnologias. Para Prim, além de entender os dados, o profissional terá que entender o que eles significam, como podem ser usados no planejamento dos negócios e como deve ser feita a comunicação dessas informações.
“Isso envolve conhecimento de áreas como administração, empreendedorismo, marketing e comunicação. O profissional do futuro é aquele que não é só um excelente engenheiro, mecânico, soldador ou eletricista, mas também uma pessoa com senso crítico, que sabe dialogar e pensar em soluções criativas.”
Além disso, a função do profissional dentro da empresa poderá não ser mais relacionada com a sua formação acadêmica. “Não adianta um engenheiro, por exemplo, aperfeiçoar apenas seu conhecimento técnico. Ele precisa estudar outras áreas para entender os resultados do seu trabalho sobre toda a cadeia de produção da empresa”, diz Roncati, da People+Strategy.
Competência colaborativa
Aumentar a diversidade dentro das empresas é uma das grandes preocupações atuais. Mas, para Roncati, manter um ambiente diverso pode ser um desafio. “O funcionário precisa estar disposto a conviver com perfis de pessoas muito diferentes. É mais fácil trabalhar com pessoas que pensam igual entre si. Só que assim não se tem um ambiente inovador e com a dinâmica que as novas tecnologias exigem”, diz.
Um exemplo disso é o setor de tecnologia da informação, que será cada vez mais requisitado pelas empresas. “Nesse mercado, há uma carência de profissionais do sexo feminino, e as empresas precisam se preocupar em mudar isso. Elas devem incluir não apenas as mulheres, mas também novos perfis de funcionários em seu time. Porque, sem um estímulo à diversidade, a empresa perde competitividade”, afirma. Cabe ao profissional saber se comunicar, conviver com as diferenças e ter um bom relacionamento com todos os colegas, características cada vez mais valorizadas em ambientes digitalizados.
E as empresas?
Além das exigências, as companhias precisam garantir a atualização de seus funcionários. Para Roncati, as organizações que querem ser competitivas precisam analisar como será o mercado em que atuam no futuro. A partir daí, devem avaliar se as equipes têm as competências para atingir esses objetivos. “Caso contrário, será preciso investir em cursos para os funcionários. Se uma empresa não capacita seu funcionário, a concorrente vai sair na frente.”
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