Para ganhar espaço no Brasil, IoT depende da integração entre as áreas de TI e de negócios
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(Foto: VirtuesAG) |
A entrada da Internet das Coisas no mercado brasileiro é uma realidade para muitas empresas, em especial aquelas que lidam com setores mais necessitados de uma estrutura robusta, como indústria pesada e logística. No entanto, os especialistas creem que ainda existem barreiras a serem ultrapassadas, como o entendimento de outras áreas dentro das corporações. “Convivemos conceitualmente com um antagonismo. Vamos ter muito espaço para desenvolver tecnologia, mas apenas com uma linha dentro das empresas”, disse Yassuki Takano, diretor de consulting services da Logicalis.
A chefe do departamento de TIC no BNDES, Irecê Fraga Kauss Loureiro, ressalta a fala de Takano. Para ela, o problema de IoT não é tecnológico, mas sim a falta de compreensão e engajamento da sociedade para entender que o segmento é importante para o desenvolvimento econômico do País. “Estamos falando de algo que pode ser determinante para a economia no Brasil. Como uma grande orquestra, cada um tem que caminhar na mesma direção”, completa a executiva.
Ângelo Fígaro, CIO da Renault-Nissan, crê que dentro das empresas falta dar mais relevância da área TI ao negócio. Para isso é necessário se integrar a outras áreas das empresas. Porém, ressalta que o profissional de tecnologia não deve entrar de forma muito abrupta nas outras áreas, ou serão vistos como ameaças ao setor de negócios.
“Estamos em um momento mágico da TI que é a transformação digital. Todos tentam entender o crescimento e os novos modelos de negócios, como ‘pneu as a service’ e ‘car as a service”, disse Fígaro. “Mas teremos gente mais inteligente do que nós para mostrar esse negócio acontecer dentro das empresas. A TI não faz e não precisa fazer tudo. Nós precisamos usar o ecossistema para criar novos produtos e serviços”.
Obstáculos do cotidiano
O executivo da montadora ainda levantou outros problemas relacionados aos novos modelos de negócios, como o fato de as companhias não estarem preparadas ao ‘erro e acerto rápido’ como acontecem nas start-ups. Para ele, os CEOs e CFOs ainda estão acostumados com o formato tradicional. Questionado pelo Mobile Time se existe alguma forma de conseguir trazer essa cultura para dentro de greandes empresas, como abrir uma aceleradora ou criar uma divisão de inovação, Fígaro afirma que depende de cada empresa e do seu momento organizacional. “Uma fórmula ideal não existe. É uma questão de mindset. No nosso caso, TI está no plano estratégico do nosso atual CEO (Marco Silva). Para os anteriores, TI era apenas operacional”, disse o CIO da montadora ao explicar o projeto de predição em uma prensa que pretende implementar para analisar vibração na máquina e evitar que pare sua produção. Com isso, ele espera diminuir em 50% os custos, graças à inserção de sete e oito medidores para analisar temperatura e energia da máquina, por exemplo.
Fim do sistema legado?
Outro problema relacionado à Internet das Coisas é a mudança de sistemas legados para sistemas inteligentes, que sejam capazes de analisar dados oriundos dos novos sensores. É o caso da VLI, empresa de logística e transporte que foi desmembrada da Vale. Por herdar a estrutura ferroviária e de transporte hídrico, os sistemas legados, que eram usados desde a década de 1980, vieram para a nova companhia. Agora, procura-se a integração de tecnologias antigas com as novas. “Temos alguns sistemas de controle da Vale que são antigos. Trazê-los para o mundo da Internet das Coisas é um desafio”, disse Christian Horst, CEO da VLI. Horst explica que, para combater esse problema, a sua companhia começa a usar mais aplicativos e camadas de dados, de forma a levar informações aos dispositivos móveis dos clientes.